ABSTRACT
Durante o primeiro semestre dos anos de 1986 e 1987, cerca de 100 estudantes de Medicina se dirigiram a farmácias da cidade de Säo Paulo, requisitando remédio para uma das seguintes queixas: "nervosismo", "excesso de sono", "insônia", "necessidade de emagrecer" ou "problema de alcoolismo" em parente próximo. Em novembro de 1986, o Ministério da Saúde aprovou dua novas leis (Portarias 27 e 28) aumentando o controle sobre a venda de drogas psicotrópicas. As duas pesquisas forneceram uma oportunidade única para avaliar o impacto da legislaçäo na venda ilícita de drogas psicotrópicas. Em 1986, houve apenas 3% de recusa de vendas (antes da nova legislaçäo), enquanto em 1987 esta porcentagem foi de 23% (após a nova legislaçäo). A recusa ocorreu principlamente para as queixas de "insônia" (0% e 18%) e "excesso de sono" (4% e 48%). Foi observado também um decréscimo na venda de ansiolíticos antidistônicos, respectivamente 75% e 35% e 96% e 54% para ambas as queixas. Entretanto, o decrécimo na venda de benzodiazepínicos correspondeu a um aumento na venda de "produtos naturais". Estes resultados mostram que a nova legislaçäo, embora tenha diminuído a venda ilícita de psicotrópicos, näo resolveu por si só o problema